BCE vai voltar a aumentar as taxas de juro
BCE vai voltar a aumentar as taxas de juro
O Banco Central Europeu volta a aumentar taxas de juro na próxima quinta-feira, dia 2 fevereiro, e segundo as perspetivas, outros aumentos se seguirão face a uma inflação persistentemente elevada. A evolução do clima económico elimina quaisquer dúvidas sobre o aperto da política monetária.
Após muitos anos de dinheiro acessível, a instituição presidida por Christine Lagarde tem vindo, desde o último verão, a conduzir uma política de choque nos juros bancários na esperança de dominar o aumento dos preços desencadeado pela guerra russa na Ucrânia.
O regresso da relativa calma nos mercados energéticos permitiu que a inflação baixasse, pelo segundo mês consecutivo, em dezembro, até 9,2%, face aos 10,1% de novembro, mas mantém-se muito acima dos objetivos pretendidos, baixar 2%.
O lado negativo é que a inflação "central" - excluindo energia, alimentos, álcool e tabaco - subiu novamente em dezembro para 5,2%. O aumento dos preços da energia está a afetar toda a economia, esperando-se aumentos salariais para compensar a perda do poder de compra este ano.
A parte positiva é que os indicadores recentes atenuaram os receios de que a economia europeia pudesse entrar em recessão este inverno, o que, em tempos, era tido como inevitável. Contudo, graças à melhoria das cadeias de abastecimento, à reabertura da China após restrições sanitárias, e ao apoio governamental na zona euro, a atividade recuperou em janeiro após seis meses de contração, segundo o mais recente S&P Global PMI.
Inflação elevada
Com a economia resiliente e a inflação subjacente persistente, Christine Lagarde "não tem outra escolha senão reafirmar", na reunião de política monetária de quinta-feira, "o seu compromisso de dezembro de apresentar uma subida de 0,5 pontos percentuais, nas taxas de juro que deverá de novo ocorrer em março", perspetivou à AFP Frederik Ducrozet, economista líder da Pictet, prestigiada firma de investimentos independentes.
"A razão para uma subida de 0,50 pontos das taxas de juro é clara: o trabalho do BCE está longe de ter terminado" no que diz respeito à diminuição da inflação, resumiu Carsten Brzeski, economista da ING Group, multinacional bancária e de serviços financeiros.
O BCE terá de aumentar as taxas "a um ritmo sustentado" para atingir "níveis suficientemente restritivos", ou seja, penalizando a atividade, e "ficar lá o tempo que for necessário" para vencer a inflação elevada, advertiu recentemente a presidente do BCE.
Embora não haja dúvida de que as taxas subirão 0,5 pontos percentuais na quinta-feira, "o foco principal será a mensagem sobre como as taxas irão subir para além disso", declarou Andrew Kenningham na Capital Economics.
As opiniões sobre o assunto divergem entre os membros do conselho diretivo do BCE. O Presidente do Banco Federal Alemão, Joachim Nagel, é um dos defensores do percurso monetário restritivo, e como declarou à revista Der Spiegel, não ficaria "surpreendido" se as taxas de juro continuassem a subir depois de março.
Entre os que defendem uma abordagem mais suave, Fabio Panetta, membro da direção executiva do BCE, manifestou-se contra "qualquer orientação incondicional" sobre as taxas para além de fevereiro. O ritmo e o calendário do aperto monetário após março "dependerá das condições globais, entre o abrandamento nos EUA e a reabertura na China", considerou Frederik Ducrozet.
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