Portugal. Os 26 magníficos
Portugal. Os 26 magníficos
Diogo Costa (FC Porto)
Na época 2021-22, faz o impensável dois-em-um: ganha o lugar a Marchesín no FC Porto e, depois, o de Rui Patrício na selecção. O resultado é surpreendente, o FC Porto é campeão nacional e a selecção chega ao Mundial. No processo, Diogo defende quatro penáltis, um na Liga das Nações e três na Liga dos Campeões.
Rui Patrício (Roma)
Melhor em campo na gloriosa final da Liga Conferência 2021-22, ganha pela Roma vs. Feyenoord, a carreira de Rui na selecção acaba sem pré-aviso no play-off de acesso do Mundial-2022, vs. Turquia, no Dragão. Titular da selecção em todas as sete competições desde o Euro 2012 até ao Euro 2021, é a primeira vez que se apresenta como suplente.
José Sá (Wolves)
Ainda por estrear na selecção AA, é um guarda-redes com experiência acumulada nas camadas jovens e até é vice-campeão europeu sub-21. Joga quatro anos em Portugal (afasta Casillas da baliza do FC Porto na primeira época de Conceição, em 2017-18) e já vai em cinco no estrangeiro (Olympiacos mais Wolverhampton, onde é chamado para o lugar de Rui Patrício).
Cancelo (Manchester City)
Ataca como um Roberto Carlos, só lhe falta defender como um Cafu para se apresentar como o melhor lateral do momento. Em dia de acerto total, é um lateral de categoria mundial com golo nas botas. Se só jogar assim-assim é capaz de fazer uma assistência ou duas. Cruza bem, até de trivela, remata melhor
Dalot (Manchester United)
Se a opção de Cancelo é óbvia, a do seu suplente também não oferece contestação por aí além: Dalot é superior a Nélson Semedo, Thierry Correia e Cédric. O estágio de um ano no Milan em 2020-21 e a titularidade no Manchester United fazem dele um lateral sólido, com capacidade ofensiva, a avaliar pelos dois golos vs. Chéquia, para a Liga das Nações.
Rúben Dias (Manchester City)
Belíssimo central, com capacidade para se superar todos os dias. Daí a sua aptidão para ganhar títulos individuais. Veja-se este póquer de ases em 2020-21: melhor jogador do ano para os jornalistas em Inglaterra, melhor jogador para os adeptos do Man City, melhor jogador da Premier League e melhor central da Liga dos Campeões.
António Silva (Benfica)
Outro produto do Benfica, como Rúben Dias, e a grande novidade para o Mundial. Salta para a ribalta no final de Agosto, por lesão de Otamendi, e dá-se bem. Quando o argentino recupera, o treinador benfiquista Schmidt mantém a aposta no miúdo de 18 anos, agora no lugar do brasileiro Morato, e ei-lo a brilhar com categoria (e três golos)
Pepe (FC Porto)
É o mais veterano do plantel português, com 39 anos de idade, e já vai a caminho do quarto Mundial – no último, em 2018, é seu o golo de cabeça vs. Uruguai. Experiente até a dormir, vai sempre à bola no limite com a atitude combativa never-say-die e joga de olhos fechados com Rúben Dias (ao todo, 22 jogos juntos)
Danilo (PSG)
Na ausência de Rúben Dias ou Pepe, é ele quem salta para o onze pela polivalência e, também, poder de elevação nas bolas paradas – incontáveis os golos de cabeça, tanto no FC Porto como no Paris SG. A transformação táctica sai da cabeça de Fernando Santos, que o utilizara a médio defensivo no grandioso Euro 2016.
Nuno Mendes (PSG)
Lateral revelação do Sporting campeão em 2021, o esquerdino demora a adaptar-se à selecção. Quando o faz, em 2022, liberto das amarras do nervosismo e a jogar o que sabe naquele sobe e desce constante, é um perigo constante. Cruza bem. Mbappé e Neymar que o digam no Paris SG.
Raphaël Guerreiro (Borussia Dortmund)
Nascido em França e sem qualquer clube português no seu currículo, é um jogador diferenciado. Campeão europeu em 2016, é um lateral-esquerdo deveras ofensivo, com atributos nas bolas paradas, sobretudo livres directos. Há já sete anos na Alemanha, sempre no BVB, é um prodígio de técnica e só peca por alguma timidez.
Palhinha (Fulham)
É o mais alto dos 26 portugueses, com 1,90 metros. Tal como Nuno Mendes, é uma surpresa naquele Sporting campeão nacional em 2021 com uma série de exibições fora da caixa. Agora representante da Premier League, é um jogador que intimida pela força física e joga sempre para a frente.
Matheus Nunes (Wolves)
Outro brasileiro, como Pepe e Otávio. Dos três, só Matheus é chamado pelo Brasil, em Agosto de 2021. Por não ter a vacinação completa do covid-19, Matheus recusa e, depois, é seduzido pela proposta de Fernando Santos para representar Portugal, onde vive há 11 anos e onde trabalhar numa padaria enquanto joga no Ericeirense em 2013.
William (Betis)
Seis por natureza, e titular na selecção desde os tempos de Paulo Bento, a partir de 2011, William é (quase) sempre a opção preferida de Fernando Santos para aquela posição. Com qualidade acima da média no domínio da bola, e também na circulação, é um jogador com tendência para aparecer bem nas bolas aérea na área contrária.
Rúben Neves (Wolves)
Capitão mais jovem de sempre na Liga dos Campeões, ideia de Lopetegui em 2014-15, a carreira de Rúben alcança o zénite em 2017 com a transferência para o Wolverhampton, onde o seu futebol ganha mais liberdade e outra dimensão. De remate fácil do meio da rua, é homem para jogar de início sem nervoso miudinho.
Bruno Fernandes (Manchester United)
Principal responsável pelo apuramento directo para o Mundial, com um bis vs. Macedónia do Norte (2:0), é um 8 sem medo de rematar a torto e a direito. Aquela época 2018-19 com 32 golos pelo Sporting é de sonho. O problema é a consistência. Se o jogo lhe corre bem, é craque. Se lhe corre mal, é o homem invisível.
João Mário (Benfica)
Titular na final do Euro 2016, como Pepe, Raphaël e William, é um homem desaparecido em combate até 2021, altura em que o Sporting de Rúben Amorim o reabilita. Assina pelo Benfica e é uma desilusão. Agora, em ano de Mundial, reaparece como grande maestro do Benfica invencível e marcador implacável de penáltis.
Bernardo Silva (Manchester City)
Veste o 10, número pouco goleador para Portugal em Mundiais – só Rui Costa sorri, em 2002, vs. Polónia. O futebol de Bernardo é o mais parecido que há com um poema, daí que seja incompreensível a tendência de Fernando Santos em substituí-lo quase sempre em primeiro lugar, seja qual for o resultado.
Vitinha (PSG)
A maior sensação do FC Porto campeão nacional em 2021-22, entre exibições, golos e assistências. Sai para o Paris SG e saca a titularidade num piscar de olhos, com categoria ímpar. É sóbrio, pensa e executa ao mesmo tempo, tem qualidade de passe. Se Fernando Santos fosse aventureiro, Vitinha joga sempre
Otávio (FC Porto)
Alma do meio-campo do FC Porto desde 2018, joga de dentes cerrados, sempre em cima do adversário e nunca vira a cara a uma disputa de bola. É uma espécie de pitbull, com a nuance de ter chegada à baliza graças à sua capacidade de se posicionar na área, que lhe garante uma média de cinco golos por época.
João Félix (Atlético Madrid)
O seu futebol no Benfica 2018-19 permite-lhe sonhar com tudo e mais alguma coisa. É um sub20 com qualidade goleadora: marca ao Sporting no José Alvalade, ao FC Porto no Dragão e ainda assina um hat-trick vs. Eintracht Frankfurt. A transferência para o Atlético Madrid em 2019 retira-lhe por completo o brilho e continua desaparecido em combate.
Cristiano Ronaldo (Manchester United)
Um em 2006, outro em 2010, mais um em 2014 e quatro em 2018. Ao todo, sete golos em quatro Mundiais. Nunca ninguém se atreve a marcar em cinco Mundiais. Chama-se Ronaldo o primeiro? Ele aí está, pronto para o desafio, a meio da uma época 2022-23 sem corresponder às expectativas com três golos em 16 jogos.
Gonçalo Ramos (Benfica)
Ponto prévio: é o melhor marcador de todos os convocados portugueses, com 14 golos entre 1.ª divisão e Liga dos Campeões. A sua chamada é colhida com surpresa, até porque nunca é internacional AA, à imagem de José Sá e António Silva. Suplente dos suplentes, vai ao Mundial para aprender ainda mais e regressar a casa cheio de moral.
Rafael Leão (Milan)
Eleito melhor jogador do campeonato italiano 2022-23, é um poço de força nas alas, capaz de destruir o defesa mais completo e certinho. Até agora, e isto é um problema, o seu futebol na selecção está aquém do apresentado no Milan. Se largar o vício de prender a bola na hora agá, transforma-se no touro enraivecido que todos aplaudimos.
Ricardo Horta (Braga)
Prémio mais-que-justo de carreira para um homem com 100 golos nos últimos sete anos pelo Braga. É fantástico, o registo. E inédito. Além de venenoso à frente da baliza, o homem domina outras áreas do campo com uma facilidade tremenda. Craque da cabeça aos pés.
(Autor escreve de acordo com a antiga ortografia.)
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