O passo em frente do futebol luxemburguês
O passo em frente do futebol luxemburguês
“Como presidente da Federação Luxemburguesa de Futebol (FLF) só posso regozijar-me com o excelente momento que o futebol grão-ducal atravessa a nível internacional. Espero que este momento possa prolongar-se por muitos anos”, diz Paul Philipp.
O dirigente máximo da FLF acrescenta: “O futebol grão-ducal está a colher os frutos de um trabalho iniciado, projetado e desenvolvido há quase duas décadas. A criação da Escola de Futebol, em Mondercange, a qualidade das infraestruturas, a adequada formação dos treinadores e a mudança de mentalidade dos jogadores permitiu colocar muitos deles em campeonatos profissionais. A nível de seleções, temos conseguido resultados positivos que não são, com toda a certeza, obra do acaso. Hoje, já nos respeitam onde quer que joguemos e o exemplo disso é que, na Liga das Nações, somos considerados os favoritos do grupo”, recorda.
“Hoje, fala-se mais do futebol luxemburguês no estrangeiro do que no próprio país”
A excelente campanha do F91 Dudelange na Liga Europa mereceu do presidente da FLF rasgados elogios, extensíveis a outros clubes: “Ver uma equipa a disputar uma fase de grupos da Liga Europa era algo impensável no Luxemburgo, mas o Dudelange conseguiu-o com todo o mérito. Differdange Fola e Niederkorn também já tinham brilhado a nível internacional contra equipas prestigiadas e isso é benéfico para o futebol luxemburguês. Hoje, fala-se mais do bom momento do futebol luxemburguês no estrangeiro do que no próprio país”, congratula-se o dirigente.
O fenómeno é também analisado por Paulo Gomes, treinador português do Mondorf-les- Bains, equipa da Liga BGL, para quem o salto qualitativo que o futebol luxemburguês deu nos últimos anos “deveu-se essencialmente à competência, profissionalismo e investimentos que começam a ser mais frequentes no Grão-Ducado”.
Sobre a notoriedade da seleção grã-ducal, o técnico luso atribui o sucesso dos ’leões vermelhos’ ao “trabalho de base que tem vindo a ser desenvolvido nos últimos anos por parte da FLF, bem dirigido no campo por Luc Holtz”.
Para Paulo Gomes, o facto de o Luxemburgo ter já uma quantidade considerável de jogadores a atuar em campeonatos profissionais “permite trabalhar as várias vertentes do modelo de jogo da seleção de um modo mais intenso e detalhado, com resultados muito positivos”, realça.
Sobre a entrada do Dudelange na fase de grupos da Liga Europa, Gomes destaca “o grande investimento feito pelo principal patrocinador do clube em jogadores de qualidade” e “a crença num projeto bem elaborado e delineado pela estrutura de um clube ambicioso e que quer continuar a evoluir”.
Para o técnico, “os clubes no Luxemburgo têm de deixar de ser olhados como coitadinhos. Já existem bons jogadores e a forma como o futebol é trabalhado por alguns treinadores vai levar, mais tarde ou mais cedo, a patamares muito perto do profissionalismo. A análise e observação dos jogos, a forma de treinar e a própria intensidade de muitos dos jogos provam a notória evolução que se tem registado nos últimos anos, mas ainda há muito para melhorar”, justifica.
Manuel Correia, treinador do Strassen, partilha das opiniões de Paul Philipp e Paulo Gomes sobre o bom momento que vive o futebol luxemburguês. E vai mais longe: “Cada vez é mais difícil conciliar futebol e trabalho. Os clubes da BGL procuram cada vez mais treinadores a tempo inteiro porque cada vez existem mais jogadores a viver apenas do futebol. A evolução do campeonato caminha a passos largos para o profissionalismo, mas, para que as coisas funcionem, vão ter de reduzir o número de equipas”, conclui.
Agora, só falta o Luxemburgo vencer a Bielorrússia na sexta-feira e São Marino na segunda para garantir o primeiro lugar no grupo 2 da Liga D da Liga das Nações e a consequente subida à divisão C, mas também que o F91 consiga pontuar na Liga Europa.
Á. Cruz
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