Mundial 2022. Seguranças obrigados a 84 horas de trabalho por semana no Qatar
Mundial 2022. Seguranças obrigados a 84 horas de trabalho por semana no Qatar
As condições de trabalho dos seguranças no Qatar, "em projetos ligados ao Mundial 2022", são comparáveis ao "trabalho forçado", denunciou a Amnistia Internacional (AI) num relatório divulgado esta quinta-feira.
Milhares de agentes deverão ser recrutados até ao início do Mundial de Futebol, que decorre entre 21 de novembro a 18 de dezembro deste ano, no Qatar. Cerca de trinta e quatro atuais e antigos empregados de oito empresas de segurança privadas, trabalhadores migrantes principalmente do Quénia e Uganda, descreveram dias de trabalho de mais de 12 horas, sete dias por semana (84 horas por semana), por vezes sem sombra ou água potável durante os meses mais quentes.
A lei laboral no Qatar prevê um máximo de 60 horas de trabalho, por semana, e um dia de folga, o mínimo estabelecido pela Organização Internacional do Trabalho. Os trabalhadores que tiram licença por doença "arriscam-se a reduções arbitrárias dos seus salários", descreve a AI, observando que as horas extraordinárias também são mal pagas, sem oportunidade de serem defendidas por um sindicato. "Não te podes queixar, senão és despedido e deportado", disse um dos funcionários entrevistados entre abril de 2021 e fevereiro de 2022.
As condições de trabalho e os salários variam de acordo com o país de origem, denota a organização. Os trabalhadores da África subsariana são os mais mal maltratados, segundo os relatos dos próprios, que descrevem ainda casas "superlotadas e pouco higiénicas" durante a estadia.
Os trabalhadores emigrantes entrevistados trabalharam para três empresas contratadas durante os torneios da FIFA no Qatar (Campeonato do Mundo de Clubes e a Taça Árabe). Segundo explica a AI, a FIFA e o comité organizador do Mundial não renovaram os contratos com duas dessas empresas e denunciaram-nas ao Ministério do Trabalho do Qatar.
Algumas empresas vão sempre tentar "contornar o sistema", disse uma fonte da organização à Amnistia, comprometendo-se a retificar abusos. "O Qatar tomou medidas imediatas para tratar de casos específicos de irregularidades", defendeu, por sua vez, o Ministério do Trabalho do Qatar.
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