Dudelange pronto para desafiar o Milan
Dudelange pronto para desafiar o Milan
O nome não engana e a origem também não. Berto Bonvini tem origem italiana, é adepto do Milan e, ao lado da família, fará parte dos milhares que, esta quinta-feira, estarão nas bancadas do Josy Barthel para seguir o F91 Dudelange-Milan. Mas Bonvini é também sócio dos campeões luxemburgueses e ex-jogador do Alliance Dudelange, um dos clubes que, em 1991, juntamente com o Stade Dudelange e US Dudelange, deram origem à criação do F91 Dudelange, clube resultante da fusão dos três.
“Vai ser dia de festa para todos”, antecipa com entusiasmo. “É um momento único e histórico para a vida do clube, do futebol luxemburguês e também do país. É um verdadeiro privilégio podermos disputar uma fase de grupos da Liga Europa contra adversários de grande prestígio. Dá-nos uma visibilidade que nunca acreditámos ser possível ter”, exulta o antigo jogador, nascido e criado no popular ’bairro Itália’, junto à zona industrial de Dudelange.
A alegria de Berto é partilhada por Romain Brenner, jogador do Stade Dudelange e filho do antigo internacional luxemburguês, Erny Brenner: “Na noite da vitória em Cluj foi maravilhoso ver centenas de pessoas a comemorar diante do ecrã gigante e irem a casa buscar a camisola do clube para percorrerem as ruas da cidade. É um episódio que vou guardar para sempre”, sublinha.
Sobre o jogo com os italianos, Berto lamenta que o atual Milan “não esteja à altura das grandes equipas que já possuiu. Infelizmente, a equipa vive um momento menos bom, com jogadores mais modestos, mas acredito que ainda assim vai ser um grande espetáculo, com um estádio cheio e em ambiente de festa”, vaticina. Sobre o resultado que deseja, é taxativo: “Gostava que o Dudelange ganhasse, mas o Milan é o grande favorito à vitória. Disso não há a menor dúvida”, admite.
Crónico campeão luxemburguês do século XXI, o F91 ganhou nova dimensão internacional e conseguiu fazer história no futebol grão-ducal. Mas, para Berto Bonvini, nem tudo está bem. Apesar das alegrias que tem vivido, manifesta um desejo para o futuro do clube no qual também já foi dirigente: “O que o Dudelange conseguiu é extraordinário, mas a magia de podermos ver jogar gente da terra deixou de existir nos últimos anos. Estamos onde estamos graças ao investimento do principal patrocinador, ao trabalho de dirigentes, jogadores e staff técnico, mas seria importante para a equipa ter alguns jogadores da cidade, oriundos da academia, com os quais o público possa identificar-se. Era a melhor coisa que podia acontecer ao clube. Tenho a certeza que o estádio voltaria a encher”, conclui.
Toppmöller quer somar pontos na Liga Europa
Dino Toppmöller, treinador do F91 e um dos grandes responsáveis pelo feito alcançado pela equipa, mostra-se otimista e garante que o campeão luxemburguês vai tentar conquistar pontos: “Naturalmente que o facto de podermos disputar a Liga Europa, frente a adversários prestigiados, nos enche de orgulho e satisfação. Toda a gente olha para estes jogos com grande entusiasmo, em especial os jogadores que estão muito motivados para a tentativa de conquistar pontos nesta prova”, admite.
“Este é o meu terceiro ano como treinador e tem sido um prazer constatar a evolução da equipa. Mas se ser campeão do Luxemburgo é algo que nos pedem quase como uma obrigação, chegar mais longe na Europa tem outro tipo de exigências a todos os níveis. Apesar das diferenças entre nós e os adversários, vamos permanecer fiéis ao nosso estilo de jogo e tudo faremos para dar alegrias aos sócios, simpatizantes e dirigentes”, garante o treinador alemão que explica como a equipa chegou tão longe: “O clube precisava de dar um passo em frente e, como sou ambicioso, juntei o útil ao agradável. Um dia tive a visão de que chegaríamos à Liga Europa e comentei isso com o meu adjunto. A partir daí traçámos essa meta como grande objetivo para o início desta época e felizmente aconteceu”, recorda.
Uma ideia que muitos dirigentes do clube sonhavam concretizar, mas admitiam ser impossível, excetuando Flavio Becca, principal patrocinador, que foi, aos olhos do jovem técnico, peça fundamental na concretização do projeto. “É um ganhador por natureza. Para ele, apenas importa o primeiro lugar. O segundo é só o primeiro dos últimos. O investimento dele foi fundamental para contratar jogadores de reconhecido valor que vieram tornar o plantel mais forte e competitivo”, precisa.
Quanto ao futuro, Toppmöller foi elucidativo: “Está tudo a acontecer muito depressa a nível internacional, mas estou otimista. Apesar de já ter tido abordagens de outros clubes, sinto-me bem em Dudelange, Acredito que, na próxima temporada, teremos capacidade para avançar ainda mais. Mas é preciso fazer uma coisa de cada vez. Primeiro a Liga Europa, depois, veremos se conseguimos chegar à Liga milionária”, remata.
Á. Cruz
