Campeonato de futsal arrancou com goleadas e expectativas altas
Campeonato de futsal arrancou com goleadas e expectativas altas
“Penso que este vai ser o melhor e mais bem disputado campeonato de futsal de sempre. A maioria das equipas reforçou-se com jogadores e treinadores de qualidade, pelo que antevejo uma prova muito interessante”, assume Filipe Costa, responsável da secção de futsal do FC Differdange.
Reforços que vieram maioritariamente de Portugal, ’filão’ que tem vindo a aumentar consideravelmente, principalmente entre as equipas que pretendem discutir o título.
FC Differdange, Union Títus Pétange, US Esch, FC Sanem, Racing Luxembourg, F91 Dudelange, Amicale Clervaux e ALSS, umas mais que noutras, são formações cujos planteis integram jogadores e treinadores que trocaram Portugal pelo Luxemburgo, muitos deles associando aos novos projetos desportivos, empregos e melhores condições de vida.
Mas ao Grão-Ducado não chegam apenas jogadores oriundos de Portugal. De França e da Bélgica também chegam alguns ’virtuosos’ que vêm enriquecer o nível do campeonato luxemburguês, atualmente um dos mais atrativos do país.
Ambição a nível internacional
“Somos uma equipa de tradição e jogamos para ganhar em qualquer competição”, sublinha Filipe Costa, revelando que no contexto internacional o clube também revê em alta as suas ambições: “Na pré-eliminatória da Liga dos Campeões, que vai ser disputada a uma só mão, também queremos fazer história. Num só jogo tudo poderá acontecer, dependendo do sorteio que se realiza em outubro.”
Sobre o clube que tem raízes nos Players Sud e deu cartas nos vários campeonatos e taça da Bélgica, as últimas épocas têm sido marcadas pela saída de alguns jogadores emblemáticos e dos quais praticamente só resta Davide Chalmandrier, situação que Filipe passa a explicar.
“Há ciclos, como em tudo na vida. Uns saem e outros entram, como em qualquer outro clube, mas eles serão sempre lembrados como referências do futsal. Os anos passam e é preciso renovar a equipa. Temos alguns que já cá estão há alguns anos, aos quais queremos juntar jovens da equipa de futebol de onze e da região que queiram vir iniciar-se na modalidade”, diz, apontando a falta de formação como “uma carência que tem de ser ultrapassada nos próximos anos.”
Pedro Costa, treinador e jogador do FC Sanem é um dos recém chegados ao país. O ex-internacional e grande referência do futsal português estreou-se a ganhar no campeonato e explica ao Contacto quais os seus objetivos no Luxemburgo.
“Este é o primeiro passo de uma longa caminhada que temos pela frente. Queremos jogar sempre para ganhar e chegar o mais longe possível. Um dos nossos objetivos é chegar ao play-off título e reforçar a nossa imagem e qualidade no seio do futsal luxemburguês.”
Promover jogadores locais
Mas nem todos adotam a mesma política de recrutamento, como é, por exemplo, o caso do Progrès Niederkorn. Para Luís Ramos, dirigente do clube, o investimento é preferencialmente “em jogadores da região e um ou outro de países limítrofes que possam ser uma mais valia para o clube. Não temos dinheiro para grandes investimentos. O futuro da modalidade passa pela formação e regulamentação das leis do campeonato”, justifica.
Domenico Laporta, um dos grandes impulsionadores da modalidade no país e dirigente da ALSS, aborda ambas as tendências e explica que a vinda de jogadores de Portugal pode ser encarada de vários formas: “É importante que cheguem jogadores experientes e de qualidade ao nosso campeonato. Também tenho um ou outro que vêm de Portugal. São importantes porque os jovens, se souberem aproveitar, vão poder evoluir com eles. Mas, por outro lado, é fundamental, também, dar uma formação adequada aos mais novos, que são o futuro da modalidade. Se queremos ter no futuro uma seleção, temos de investir na formação. Os jogadores que vêm de Portugal e de outros países não poderão ser selecionados. Está em andamento um projeto de torneios de sub-21, a partir de dezembro, para mais tarde se organizar um campeonato a sério”, explica. Sobre o campeonato, garante que “este ano a competitividade vai ser maior” e que vão haver “muitas surpresas.”
"Melhorar as mentalidades"
Jorge Augusto Fernandes, mais conhecido como Djô, é um dos jogadores que chegou ao FC Differdange no ano passado. Com 71 internacionalizações e 17 golos ao serviço da seleção portuguesa, jogou várias épocas no Sporting e com 34 anos é bastante respeitado entre os companheiros. Reparte a vida no Luxemburgo entre o trabalho na restauração e o clube. Diz que o futsal está a evoluir, mas lembra que as mentalidades têm de evoluir. “Ainda estamos longe do nível em Portugal, mas a modalidade está a crescer no Luxemburgo. No entanto, é importante que os jovens trabalhem e mostrem uma melhor mentalidade. Há jogadores com muito talento que se aplicarem e derem tudo podem chegar longe. É uma questão de carácter”, defende.
E é sobre as mentalidades que Filipe Pinto, treinador da Amicale Clervaux, acrescenta: “No norte, somos um por todos e todos por um. Embora apreciemos os jogadores que vêm de fora, valorizamos a cultura de união que existe no nosso clube. Queremos continuar a lutar de cabeça erguida contra todos os adversários, sem medo.”
Sobre a diferença de qualidade entre as várias equipas das duas séries, uns defendem que se por um lado se perde alguma competitividade, por outro, as formações menos apetrechadas e que na época passada jogavam na segunda divisão, poderão defrontar equipas mais fortes, uma experiência importante na evolução das equipas e da modalidade.
De qualquer forma, a prova promete emoções fortes. Arrancou com um festival de golos e momentos de grande qualidade um pouco pelos pavilhões de todo o país.
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