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A tática portuguesa segundo Fangueiro
Desporto 5 min. 17.11.2022
Mundial 2022

A tática portuguesa segundo Fangueiro

Mundial 2022

A tática portuguesa segundo Fangueiro

Foto: Yann Hellers
Desporto 5 min. 17.11.2022
Mundial 2022

A tática portuguesa segundo Fangueiro

Jorge PINTO
Jorge PINTO
Fangueiro, treinador do F91 Dudelange, acredita no título luso, mas aconselha a equipa de Fernando Santos a atacar mais.

Carlos Fangueiro não hesita: Portugal tem "enormes possibilidades" de ganhar o Campeonato do Mundo de Futebol que começa no próximo dia 20, no Qatar. O primeiro treinador português campeão no Luxemburgo garante que não está apenas a manifestar um desejo patriótico, mas, sobretudo, a constatar a realidade de uma seleção que é composta "por grandes jogadores, que atuam nas melhores equipas do Mundo".

Se ficássemos por aqui poderíamos acusar Fangueiro de excesso de otimismo. A verdade é que o técnico coloca algumas variantes na sua análise que podem comprometer o sonho de ganharmos o Mundial. Numa conversa com o Contacto, o treinador do F91 Dudelange alerta para a necessidade de Portugal ter uma "pontinha de sorte", sempre importante em qualquer competição, "porque uma equipa pode atacar muito, dominar o jogo e, num contra-ataque, sofrer um golo e perder".

Mas deixa um outro aviso, que nada tem a ver com acaso. "Nota-se que existe uma exagerada preocupação defensiva. Aliás, essa tem sido a linha das equipas treinadas por Fernando Santos, tanto em Portugal como na Grécia. Mas Portugal tem um número considerável de jogadores de grande qualidade que são muito ofensivos e bastante eficazes nos duelos individuais. Se lhes for dada confiança e se avançarmos para uma pressão mais alta, penso que a seleção tem muito a ganhar".


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Este é, na opinião, de Carlos Fangueiro, o maior pecado da seleção nacional, que, nos últimos tempos, "tem alternado entre boas e más exibições". "Temos todas as condições para ganhar o Mundial. Desde a estrutura federativa, que tem feito um trabalho hiperorganizado, à qualidade dos jogadores e da equipa. Está tudo lá, só falta encontrar um ponto de equilíbrio, que permita mostrar o nosso real valor", considera. Por outras palavras e sem meias palavras: "Portugal devia jogar mais ao ataque".

Ora, falar em ataque conduz imediatamente a Cristiano Ronaldo. O treinador do F91 Dudelange está do lado dos que defendem que o melhor jogador do Mundo, com 37 anos, deve continuar a estar presente na seleção, "porque ainda faz a diferença".

"Não sendo o mesmo, porque a idade pesa, numa ação ou noutra pode desequilibrar. Por outro lado, quando ele está em campo atrai sempre a atenção de dois ou três adversários, o que permite libertar outros colegas. Portugal já marcou alguns golos por causa disso e outros jogadores têm-se evidenciado à custa dessa situação", analisa Fangueiro. Além de que, salienta, a "saúde do grupo, um fator que é sempre determinante, é muito mais forte com o Cristiano do que sem ele, pela sua experiência e pelo seu exemplo de liderança".

Qualidades que o técnico português encontra, também, em Pepe, o defesa de 39 anos que esteve em risco de não ser convocado, devido a lesão. "É um líder nato. Dá a vida em campo, tanto pelo seu clube, o F.C. Porto, como pela seleção. Se ele falhasse o Mundial, não tenho dúvidas de que ficaríamos um pouco mais fragilizados. É verdade que há jovens jogadores a aparecer para aquela posição, mas neste tipo de competições a experiência conta muito".


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O certo é que Pepe recuperou e foi convocado por Fernando Santos. "Uma boa notícia, mesmo que ainda não esteja a 100% e tenha falta de ritmo", razão pela qual Fangueiro não o coloca no seu "onze ideal".

Quem seriam, então, os seus eleitos para o primeiro jogo de Portugal? Na baliza estaria Diogo Costa; a defesa seria composta por João Cancelo, Rúben Dias, Danilo e Raphael Guerreiro; no meio-campo jogariam João Palhinha (mais recuado), Vitinha e Bruno Fernandes; e na frente Ronaldo teria Bernardo Silva e Rafael Leão ao seu lado.

Uma equipa que encaixa no sistema de jogo (4-3-3) habitualmente utilizado pela seleção, como reconhece o treinador português, e que, se jogar com os “blocos mais avançados, com um pressing mais alto, poderá ser mais bem sucedida”.

De resto, Carlos Fangueiro está de acordo com a convocatória de Fernando Santos, que mistura a experiência com a juventude e a irreverência. "É uma boa forma de fazer a transição necessária, sendo que mesmo os jogadores mais novos estão já habituados ao mais alto patamar do futebol, como é o caso de Vitinha e Rafael Leão".

Em relação aos escolhidos por Fernando Santos, o campeão luxemburguês apenas introduziria uma alteração. "Se calhar, levaria o Gonçalo Guedes para reforçar os flancos. É um jogador versátil, dinâmico, com muita liberdade em campo e intensidade, que provoca e ganha muitos duelos ofensivos", explica.

Se a experiência conta muito, também conta muito começar bem e, para esse efeito, o Gana (dia 24, às 17 horas) pode ser um bom adversário, de acordo com o português a viver no Luxemburgo. "Independentemente das qualidades individuais, há um défice de organização a nível defensivo que pode abrir espaços a Portugal para fazer a diferença".

Mesmo assim, o treinador avisa para a importância de ter uma boa atitude em campo e para questões extra-futebol, como as temperaturas altíssimas e as tradições locais, muito diferentes das nossas, que podem condicionar a adaptação e um bom arranque do campeonato.

"O início é sempre o mais complicado. Um bom começo pode ser a catapulta para um grande Campeonato do Mundo", vaticina.

Quanto à concorrência, Fangueiro, que representou a seleção portuguesa por 27 vezes – em todos os escalões -, aponta os eternos candidatos Brasil, Argentina, Alemanha, França e Espanha como os adversários mais perigosos e aqueles que podem sair do Qatar com o troféu na bagagem.


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O plantel é de qualidade muito acima da média, basta jogar o que se sabe e sem medo da própria sombra.

O técnico, que está no Luxemburgo desde 2012 – começou como jogador/treinador no Atert Bissen, um clube da 3.ª divisão, passando depois pelo Pétange, onde foi diretor desportivo, coordenador de toda a formação e treinador dos sub-19 e sub-23, até chegar a Dudelange e ao título de campeão, que deu acesso à tão sonhada Liga dos Campeões (foi afastado nas pré-eliminatórias -, ainda não sabe de que forma vai acompanhar os jogos do Mundial, nomeadamente os da seleção portuguesa.

Uma das possibilidades é repetir a fórmula que usa, de vez em quando, para os jogos da Liga dos Campeões: reúne toda a equipa no centro de treinos, manda vir comida e assistem em conjunto. "É uma excelente maneira de fortalecer o grupo. Vemos futebol e estamos juntos". Uma coisa é certa, no Luxemburgo não vai faltar apoio à seleção portuguesa.

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