Luxembourg City Film Festival: Entre aborrecimento e poder
Luxembourg City Film Festival: Entre aborrecimento e poder
Apesar de a edição 2018 do LuxFilmFest, que já é a oitava, não contar com a presença de nenhum filme português, os três júris do evento tiveram participação portuguesa.
O júri principal, aquele que decide qual é o filme vencedor da 8ª edição do festival, tem ilustre participação portuguesa na pessoa de Leonor Silveira. “Já me tinham convidado duas vezes, mas fui obrigada a recusar porque tinha outros compromissos”, declarou a musa de Manoel de Oliveira à imprensa, acrescentando que ficou extremamente surpreendida com o Luxemburgo e a sua cena cultural. A atriz portuguesa integra um júri de cinco membros presidido pelo realizador Atom Egoyan.
Na competição dos documentários, Tomás Baltazar, diretor do festival DocLisboa, marca a presença portuguesa. Baltazar, surpreendido com a beleza da capital luxemburguesa e “a excelente mistura de arquitetura antiga e moderna”, considera que ser jurado no LuxFilmFest é isto: “O reconhecimento do festival de documentários que dirijo mas também da cinematografia portuguesa.”
No terceiro júri, o da imprensa, estão os representantes da grande família dos críticos de cinema do Luxemburgo e arredores, entre os quais outro português: este vosso servidor. Participar num júri de festival é sempre um prazer, mas é igualmente um esforço quase sobre-humano. As projeções sucedem-se a um ritmo vertiginoso e há dias em que somos obrigados, sim obrigados, a ver quatro filmes. O bloco-notas torna-se o nosso melhor amigo para não deixar escapar pormenores importantes e para evitar confundir os filmes entre eles quando fazemos o balanço final.
Roménia, Irão, Grécia, Dinamarca, Reino Unido, Israel, Indonésia, Austrália, China e Luxemburgo são os países de origem dos dez filmes a concurso. Trata-se de uma seleção de qualidade que tem como fio condutor o poder e a violência como instrumento de domínio entre pessoas. Este aspeto é, de forma mais ou menos evidente, comum aos dez filmes. Na sua maioria, as obras em competição integram também o papel da mulher na sociedade, da Indonésia ao Irão, passando pelos países nórdicos.
Numa boa parte dos filmes, as personagens fazem asneiras ou perdem a cabeça simplesmente porque se aborrecem. Por vezes, os cineastas decidem aborrecer-nos para demonstrar o aborrecimento, mas nenhum destes filmes deixa de merecer duas horas das nossas vidas.
Além dos 10 filmes que concorrem para conquistar o prémio máximo do LuxFilmFest, é possível ver também filmes de animação, documentários, e os interessados podem participar em imensas atividades culturais.
Raúl Reis
Descubra o programa completo do LuxFilmFest em www.luxfilmfest.lu. Tem até dia 4 de março para ver filmes que podem não voltar a visitar as salas de cinema luxemburguesas.
