Louvre acolhe exposição dedicada à pintura antiga portuguesa
Louvre acolhe exposição dedicada à pintura antiga portuguesa
Paisagens azuladas, tecidos e acessórios valiosos e detalhes arquitetónicos dignos dos maiores mestres flamengos: depois de muito tempo na sombra, os pintores do Renascimento português estão expostos no Museu do Louvre em Paris.
A exposição, que inaugura na sexta-feira e está patente até 10 de setembro, apresenta 13 obras, todas religiosas, pintadas na primeira metade do século XVI.
Nessa altura, Lisboa, a capital de um vasto império, era uma cidade multicultural onde convergiam as riquezas e descobertas do Novo Mundo. Era também o lar da corte do rei D. Manuel I.
Primo do Rei João II, a quem sucedeu em 1495, Manuel I estabeleceu a sua legitimidade não só através da exploração marítima, já que foi durante o seu reinado que Vasco da Gama descobriu a rota para as Índias e Pedro Álvares Cabral o Brasil, mas também através do mecenato, convidando representantes da escola flamenga para se instalarem no reino.
Obras deste período são pouco conhecidas
Entre eles, Francisco Henriques ou o "Mestre de Lourinhã" (cujo verdadeiro nome não é conhecido) importaram para Portugal uma técnica muito refinada de pintura a óleo, que permitiu o florescimento daquilo a que hoje em dia se chama vulgarmente a era dourada do Renascimento português.
No entanto, este período de esplendor é pouco conhecido do público em geral. Porquê? Um terramoto que devastou Lisboa em 1755 arrasou os seus tesouros arquitetónicos e pictóricos. E o processo de apreensão de bens iniciado no século XIX, que permitiu ao Estado português recuperar uma grande parte do património da Igreja, impediu a sua circulação para além das suas fronteiras, limitando a sua influência internacional.
"Gostamos de dizer que é uma coisa muito boa que tem evitado a dispersão do património português, mas há também outro lado: não temos uma presença nos grandes museus do mundo, e o interesse dos historiadores neste período é portanto menor", disse aos jornalistas Joaquim Oliveira Caetano, do Museu Nacional de Artes Antiga (MNAA), de Lisboa.
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