L’amant double: Filme para adultos
L’amant double: Filme para adultos
François Ozon é um daqueles cineastas que divide as opiniões. Conheço pouca gente que diz que gosta “assim assim” dos filmes do francês.
Cannes recebeu mais uma obra de Ozon e até os críticos se dividiram na sua apreciação de “L’amant double”. A expetativa era grande, sobretudo porque – e os críticos também são malandrecos – se falava de um “thriller erótico” e de “cenas ousadas” de Marine Vacth.
Quem estava à espera de escândalo ficou satisfeito: o filme tem um índice de erotismo elevado e mostra mesmo uma vagina em grande plano (nem imaginam durante quanto tempo se falou deste plano na Croisette!).
Chloé (Marine Vacth) é uma jovem fragilizada por uma depressão. As dores que a atormentam levam Chloé a ver Paul, um terapeuta (Jérémie Rénier). Rapidamente a relação passa de profissional a sentimental mas... Paul esconde um segredo.
Marine Vacth, que é atriz habitual de Ozon, regressa para um papel difícil num filme que é um “thriller” psicológico e erótico que se aventura pelo género fantástico.
É difícil dizer mais sobre o enredo sem estragar o prazer de ver “L’amant double”, mas fique apenas a saber que muitos críticos se deliciaram a comparar este filme com “Dead Ringers” de David Cronenberg.
Esta obra de François Ozon, como a maioria dos seus trabalhos, é filmada com extrema elegância e temperada com algumas cenas de sexo que noutra película seriam gratuitas, mas o realizador francês sabe torná-las lógicas e necessárias.
O início do filme pode ser desencorajador por causa das longas conversas psicanalíticas, mas depois o mistério aparece e o espetador fica em sobressalto permanente. Não espere um ritmo acelerado, cheio de reviravoltas: Ozon optou por cenas repetitivas em que oferece pequenos detalhes interessantes, e sobretudo importantes, tanto nos diálogos como nos cenários.
A dupla que protagoniza o filme é magnífica! Marine Vacth é perfeita no papel de mulher inquieta e perturbada enquanto que Rénier tem o prazer de desempenhar dois papéis.
Ozon acaba por escolher um final revelador, fornecendo respostas simples ao público. É pena, talvez fosse melhor ideia deixar-nos pensar e descobrir por nós próprios uma história tão rica em elementos surpreendentes que vão ficar a passear no nosso inconsciente durante uns tempos...
“L’amant double” de François Ozon, com Marine Vacth, Jérémie Rénier, Jacqueline Bisset, Domonique Reymon e Myriam Boyer.
Raúl Reis
