Katia Guerreiro: Concerto na catedral do Luxemburgo vai ser “festa da cultura portuguesa”
Katia Guerreiro: Concerto na catedral do Luxemburgo vai ser “festa da cultura portuguesa”
A fadista Katia Guerreiro atua no sábado na catedral do Luxemburgo, para assinalar a despedida da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima do Grão-Ducado. O concerto, com entrada livre, encerra um programa cultural organizado pela Arquidiocese do Luxemburgo que contou ainda com uma obra da artista plástica Joana Vasconcelos. Para a fadista, associar arte, fado e religião é celebrar a cultura portuguesa.
Fado, Fátima e o “Coração Independente” de Joana Vasconcelos vão estar na catedral do Luxemburgo durante o seu concerto. Este evento é uma celebração da cultura portuguesa?
Este tipo de iniciativas dá a conhecer e é o reflexo da cultura portuguesa. A Joana Vasconcelos é uma artista muito conceituada. A religiosidade, neste caso Fátima, com a imagem da santa peregrina que visita as nossas comunidades, faz parte da nossa cultura, a que estamos todos ligados, crentes ou não crentes. E há o fado. O fado é nosso, é a nossa identidade mais reconhecida e é cantado em português. Associar tudo é fazer uma festa da cultura portuguesa.
Devido à natureza do programa, tem algo especial para apresentar?
Vai ser um concerto diferente porque estamos a celebrar a Nossa Senhora e haverá um repertório especial. Há um conjunto de temas marianos que irei interpretar nessa noite.
É convidada com regularidade para atuar em cerimónias organizadas pela diplomacia portuguesa além-fronteiras? Como vive estes convites?
É uma forma de reconhecimento e demonstra que o meu trabalho até tem qualidade. No fundo, honra-me que as embaixadas contem comigo para representar a nossa cultura.
Enquanto fadista é também uma promotora da cultura. O que partilha nos seus concertos fora de Portugal?
Além de querer elevar ao máximo a nossa língua e música, quero aproximar os estrangeiros que correm aos milhares para os concertos. O fado está cada vez mais difundido, está em todo o mundo e é um dos maiores cartões de visita do nosso país. Inclusive, há estudos que revelam que o aumento de número de falantes da língua portuguesa se deve também ao fado. Nos meus espetáculos quero aproximar pessoas, mostrar que a língua portuguesa tem uma riqueza extraordinária, que o povo português é afável e de emoções fortes, como o fado também é. O fado é música de emoção forte.
O fado é ainda a canção de Lisboa ou é de Portugal?
Na sua essência e raiz é a canção de Lisboa, mas traduz a língua de um país inteiro que passou além-fronteiras com as comunidades ou os países lusófonos. É uma manifestação musical de Lisboa, mas com que todo um país se identifica.
Canta textos dos grandes poetas portuguesas: Camões, Vasco Graça Moura, Sophia de Mello Breyner, entre outros. Como faz a sua seleção?
Sou uma amante da poesia. Estive a rever uma série de material compilado e tenho desde António Gedeão a Vasco Graça Moura. Também tenho escritores mais contemporâneos ou material que me fazem chegar às mãos a que acho graça, mas no final acabam sempre por sobressair só os grandes nomes. Os grandes escrevem como ninguém. Eles são simples e eruditos e conseguem exprimir-se através de palavras que nós não encontramos. Não é difícil encontrar musicalidade ou fado dentro da sua poesia.
É difícil cantá-los?
Não. Os poetas ajudam-me no que faço, porque são mais precisos nas palavras. No fundo, eles ajudam.
...
Vanessa Castanheira
(Leia a entrevista na íntegra na edição desta quarta-feira do Contacto)
Siga-nos no Facebook, Twitter e receba a nossa newsletter das 17h30.
